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Terça, 16 Abril 2024

Setor cerâmico do Amazonas apresenta queda de 50% nas vendas



MANAUS
- O segundo semestre deste ano foi considerado atípico para o setor cerâmico do Amazonas. Ao contrário dos anos anteriores, em que o segmento registrou crescimento nas vendas, as olarias tiveram retração de 50% no faturamento somado à queda de 40% no volume de trabalhadores no Amazonas. Hoje, as olarias contam com 5 milhões de tijolos estocados. Empresários do setor atribuem o período de dificuldades à crise econômica nacional e alertam para a possibilidade da ocorrência de maior redução do quadro funcional e o consequente encerramento das atividades em algumas empresas no próximo ano. Segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Olaria do Estado do Amazonas, Sandro Augusto Lima, os reajustes fiscais e os cortes orçamentários implementados pelo governo federal durante este ano atingiram diretamente o setor da construção civil a nível nacional e logo, o Amazonas também foi impactado. Ele afirma que o segmento da construção no Estado está parado, principalmente as obras do programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal. Ele afirma que como resultado da instabilidade econômica, houve estagnação nas construções e consequentemente nas comercializações de tijolos.
Lima anuncia que a determinação presidencial do possível reajuste salarial para 2016 põe em risco a continuidade das atividades das olarias no Estado. Ele explica que com as baixas vendas não há produção e consequentemente há baixa movimentação fiscal, o que dificulta a concessão de melhorias salariais. “Ocorreram muitas demissões e a tendência é que esse número aumente ainda mais, principalmente se houver reajuste salarial. Não há venda. O mercado parou. Hoje, o segmento registra 5 milhões de tijolos parados nos pátios das cerâmicas. Inicialmente, as empresas estão concedendo férias coletivas aos funcionários como alternativa para evitar novas demissões. Mas, se houver aumento salarial não teremos como assumir esse compromisso”, informou.
O presidente ainda frisou que não ‘alimenta’ boas expectativas comerciais para o próximo ano. Ele acredita que o momento é de cautela para os empresários, que ficam impossibilitados de fazer novos investimentos. “A expectativa é negra. Não vemos possibilidades de melhoras ou algo que nos permita visualizar um quadro melhor”, expressou.O proprietário da cerâmica Praiano, localizada no município de Manacapuru, Áureo Praiano, conta que no período entre setembro até este mês a empresa contabilizou redução de 40% na produção e faturamento. Quanto à mão de obra, houve diminuição de 35% do quadro funcional. Os percentuais são comparados aos números obtidos no mesmo período de 2014. Atualmente, a cerâmica conta com a atuação de 30 funcionários. Praiano considera que os resultados negativos são decorrentes do cenário de instabilidade econômica nacional, somados a uma concorrência desleal com empresas que atuam ilegalmente no Estado. Ele afirma que enquanto uma parcela de empreendimentos trabalha na formalidade, outros 30% não prestam contas aos órgãos certificadores fiscais e ambientais. “Além da retração nas vendas ainda temos sofrido com a ilegalidade porque precisamos concorrer com os preços comercializados por quem não cumpre com a legislação fiscal”, reclama. “Neste ano as vendas foram inversas, aconteceram no início do ano, durante o inverno. Enquanto no final do ano, que é o verão, houve retração”, completa.
De acordo com o empresário, o estoque da cerâmica está abastecido por 300 mil tijolos prontos para a comercialização. Praiano conta que no Estado há outras empresas que contam com cerca de 1,2 milhão produtos nos pátios. “A previsão é que a situação piore ainda mais no próximo ano. Mas, esperamos que o governo federal faça alguma coisa para tentar reverter o quadro. Se a situação continuar alarmante corremos o risco de parar as atividades ainda nos primeiros meses de 2016”, anunciou.
O sindicato reúne 34 indústrias cerâmicas localizadas nos municípios de Iranduba, Manacapuru, Itacoatiara, Parintins e Anori.

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