Renegado' pelo Bolsa-Atleta, judô do Amazonas ganha prata em torneio nacional

Carolynne é gaúcha, mas representa o Amazonas desde o ano passado. Ela veio a Manaus para ficar ao lado do agora noivo Rayfan Barbosa, atleta e técnico da Associação Barbosa de Lutas Esportivas (ABLE). A academia projetou a amazonense Rafaela Barbosa, reserva da seleção brasileira principal na categoria até 52 quilos.

Amazonense de coração, Carolynne comemora a medalha, mas dá ênfase na omissão do poder público. “Fiz quatro lutas e infelizmente me machuquei na primeira, mas consegui a prata. É um excelente resultado pro nosso Estado. Mas não tive apoio do poder público, sempre que eu ia pedir passagem eles diziam que não tinha dinheiro. Se dependesse deles eu ia de canoa pra Maceió”, disparou.

A situação agravou-se neste ano com o corte do Bolsa-Atleta. Carolynne atende os requisitos para receber o benefício, mas não foi contemplada – mesma situação de Rafaela Barbosa e Rita de Cássia. “Espero que o prefeito reveja essa situação do Bolsa-Atleta. Eu era uma das contempladas, mas mesmo com essa dificuldade, trouxe essa medalha de prata pro Amazonas”.
Carolynne (primeira da esq. pra dir.) subiu no pódio do Brasileiro Sênior. Foto: Reprodução/Facebook Carolynne Hernandez

Sem o patrocínio, Carolynne e outros cinco amazonenses só viajaram para o Brasileiro graças ao Programa de Apoio às Federações (PAF), iniciativa da Confederação Brasileira de Judô (CBJ).Ainda neste ano, Carolynne Hernandez vai disputar a seletiva nacional de base para competir pela seleção brasileira em 2016. Atualmente, Rita de Cássia representa o Amazonas na seleção sub-21. Ela inclusive foi convocada para o Mundial da categoria, em Abu Dhabi, entre 23 e 27 de outubro.Abandono

Treinador e noivo de Carolynne, Rayfan Barbosa criticou o descaso com o judô no Amazonas. “A gente tem um projeto social que abrange mais de 200 crianças. Sabemos que, pra formar um atleta de alto nível, é preciso iniciar na base. Mas nós infelizmente não temos esse apoio. O poder público não entende que os atletas podem ser heróis pra grande parte daquelas crianças e adolescentes que estão se perdendo na marginalidade”.

Rayfan também questiona o motivo pelo qual nenhum judoca é contemplado pelo Bolsa-Atleta. “Alega-se que deveria ter um documento no site da confederação, mas a própria confederação diz que não há esse critério de estipular esse tipo de documento dentro do site. A gente pede que o município olhe com mais carinho pros judocas. São atletas que têm capacidade de chegar nas Olimpíadas”.