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Terça, 23 Abril 2024

Queda no comércio reflete dependência econômica do Polo Industrial de Manaus



MANAUS
- A queda nas vendas de setores do comércio do Amazonas chegou a 25% no ano passado, confirmando o péssimo resultado para a atividade em 2015. Levantamento da Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito) mostra que o comércio nacional registrou o pior desempenho desde 2010,  ano de início da série histórica. A queda nacional foi de 3,1%.
No Amazonas, a situação foi agravada pelo grande número de demissões nas indústrias do Polo Industrial de Manaus (PIM). “Com quase 40 mil demissões no PIM, houve uma queda expressiva nas vendas. Alguns segmentos, como móveis e eletrodomésticos, registraram quedas de 20% a 25% nas vendas do ano”, disse o presidente da ACA (Associação Comercial do Amazonas) Ismael Bicharra.
O estudo da SCPC mostra como fatores determinantes para o resultado os juros e inflação elevados, desemprego e queda no poder de consumo da família brasileira. Setores retratados pela pesquisa nacional (móveis e eletrodomésticos; tecidos, vestuários e calçados; supermercados, alimentos e bebidas e combustíveis e lubrificantes) registraram resultados parecidos no Amazonas.
Na pesquisa divulgada pela Boa Vista SCPC, o mês de dezembro serviu como apontador principal, respondendo por uma retração de 1,3% na comparação com novembro, e queda de 7,0% com o mesmo mês em 2014. “No Amazonas, este mês parece ter sido o mais rentável”, disse Bicharra. “O desempenho de alguns segmentos foi ótimo, acima do esperado e até maior do que o mesmo período de 2014. A nossa preocupação tem sido com janeiro que se tiramos como espelho para o resto do ano, 2016 não será dos melhores. As perspectivas são as piores”, ressalta.
Supermercadistas apreensivos
Para o setor supermercadista no Amazonas, Bicharra vê similaridades com os números nacionais. “O desemprego leva o consumidor a comprar apenas o básico, com poucas idas ao supermercado, o que afetou o mês de dezembro e já faz janeiro começar ruim”, lamenta. “A situação política e macroeconômica compõem um cenário de incertezas, ainda não vimos uma saída. É como estar numa canoa sem quilha. Sugerimos ao empresário inovação e transformação para continuar de pé”, conclui.
Ainda em outubro passado, o setor supermercadista já se encontrava apreensivo quanto a dezembro e início de 2016, explica o vice-presidente da Associação Amazonense de Supermercados (Amase), Alexuel Rodrigues. “As perspectivas de demissões eram altas e muitas ocorreram, o mesmo com a redução de vendas. Previa-se algo entre 0,5% e 1% em relação ao mesmo período de 2014. as coisas só melhorem mesmo em 2017”, comenta.Reação em cadeia
Abastecendo alguns supermercados com hortifrútis, o empresário Ari Branício também sente a retração do mercado. “A queda nas vendas impede pedidos maiores por parte dos clientes e às vezes temos que baixar a margem de lucro para não perder clientes”. Outro fator preocupante causado pelo desemprego é que muitos acabam se tornando concorrentes. “A rescisão acaba virando capital inicial para outro negócio e para se manter no mercado, estes novatos barateiam ainda mais, quebrando algumas empresas”, afirma Branício.
Por setores
Na análise mensal da Boa Vista SCPC, o setor de móveis e eletrodomésticos apresentou queda de 3,5% entre novembro e dezembro, descontados os efeitos sazonais. Nos dados sem ajuste sazonal, a variação acumulada em 12 meses foi de -4,2%. A categoria de tecidos, vestuários e calçados caiu 2,4% no mês, expurgados os efeitos sazonais. Já na comparação da série sazonal, nos dados acumulados em 12 meses houve recuo de 6,1%. A atividade do setor de supermercados, alimentos e bebidas tornou a cair, com variação de -1,5% no mês na série dessazonalizada.
Na série sem ajuste acumulada em 12 meses houve queda de 2,5%. Por fim, o segmento de combustíveis e lubrificantes apresentou pequena elevação de 0,5% no mês – considerando dados dessazonalizados. Na série sem ajuste por sazonalidade, no acumulado de 2015 o segmento caiu 3,5%.

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