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Quinta, 25 Abril 2024

História de Belém é motivo de orgulho de seu povo', diz professor da UFPA


Ponto inicial da fundação de Belém, visão do Forte do Castelo. Foto: Jean Barbosa/Agência Pará

MANAUS – “Uma das características mais destacadas do belenense é a paixão que ele tem pela sua cultura, pela cidade e suas tradições”. Foi esta a resposta imediata do historiador da Universidade Federal do Pará (UFPA), Flávio Nassar, quando o Portal Amazônia pediu que ele descrevesse o perfil do belenense. Essa paixão é justificada, segundo o professor, pelo passado de pioneirismo e lutas que o Pará tem.
A região onde está a cidade fica na foz do Rio Amazonas e era visada por muitos países. Fundar a cidade era a garantia de conquista do território por Portugal. Mas a ação não se deu pela força, pois os primeiros belenenses foram os índios tupinambás. “Os portugueses vieram para Belém em parceria com os indígenas de tronco tupi. A região não foi conquista por guerras, mas com alianças”, explica.
O professor destaca que este é um ponto importante da história do Pará, mas que normalmente é esquecido. “A Amazônia era independente do governo português instalado no Brasil. A Amazônia só foi incorporada pela força, em 1840 com a Cabanagem, que foi um movimento tão forte que começou em Belém, se estendeu a Manaus e foi até o rio Madeira”, diz.
“A perda de importância no cenário nacional, leva as pessoas a quererem preservar mais o seu passado glorioso. Esse sentimento de perda faz com o belenense ame mais o seu passado e queira recuperar, reconquistar aquilo que foi perdido”, opina.

Visão aérea do Centro Histórico de Belém. Foto: Oswaldo Forte/Prefeitura de Belém

A capital do Estado, Belém foi fundada em 1616 sendo assim a primeira cidade da Amazônia. O marco inicial da cidade é o Forte do Castelo do Senhor Santo Cristo do Presépio de Belém, hoje, chamado de Forte do Castelo. Ao redor do prédio, instalou-se um povoado denominado de Feliz Lusitânia. Depois, mudou-se o nome para Santa Maria do Grão Pará, Santa Maria de Belém do Grão Pará e por fim Belém do Pará.
Por ser a primeira cidade da região, Belém também teve a primeira rua da Amazônia, as primeiras edificações e assim por diante. “Existiam muito aldeamentos comandados por ordens religiosas, mas a cidade, formalmente fundada foi mesmo Belém. Ela foi criada para marcar a conquista da região pelos reis de Portugal, pois o território brasileiro ainda era dividido pelo Tratado de Tordesilhas”, explica.
Segundo Nassar, Belém concentrava a administração do território da província do Grão-Pará e Maranhão que abrangia a Amazônia Legal e o Norte de Goiás e o Acre. Naquela época, Portugal tinha duas administrações regionais na América do Sul: o Brasil e o Grão-Pará, e este território não era subordinado ao Governo instalado na capital do Brasil, o Rio de Janeiro. Ele era diretamente administrado por Lisboa.
Chiado
Todo o prestígio e importância de Belém influencia a Amazônia até os dias de hoje. O chiado, característico do falar belenense é ouvido da boca de todos os amazônidas da Calha do Rio Amazonas. “Esse chiado vem de Belém, por causa da presença dos altos funcionários da Corte na cidade. Assim como no Rio de Janeiro, eles também estavam na capital do Grão-Pará. Todo mundo queria falar português como eles. E veja, esse chiado veio de Lisboa e isso tornava chique chiar. Todos os caboclos queriam chiavam.
Amor por tudo o que é da terra
“Outra preocupação do belenense com a manutenção da sua cultura, ele tem forte empatia por tudo o que é da cidade. Um bom exemplo disso é a paixão que nós temos pelos nossos times de futebol”, diz Flávio entre risos. “Os jogos do Remo e do Paysandu às vezes têm mais renda do que os de times tradicionais e mais famosos no Brasil”, acrescenta.

Mercado Ver-o-Peso. Foto: Divulgação/Prefeitura de Belém

O professor da UFPA, que é arquiteto e urbanista, especialista em história e coordena projetos de preservação do Centro Histórico de Belém, também destaca a união dos moradores da cidade em defesa do seu patrimônio histórico.Ele exemplifica a atitude no caso de uma empresa que estava ampliando as suas instalações e avançando sobre uma rua nas proximidades do Forte do Castelo. “Só que essa rua consta nos mapas desde 1640 e dá acesso à "rua do Palácio", que levava ao Palácio do Governo. Isso incomodou a gente. Então várias pessoas se uniram e fizeram uma petição ao Ministério Público e à Prefeitura para que a obra não prosseguisse”, relata. O processo ainda está em andamento.

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