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Quarta, 24 Abril 2024

Em alta no Nordeste, goleiro do Amazonas sobe para Série C e critica futebol local

MANAUS - O Amazonas não conseguiu o acesso para a Série C do Campeonato Brasileiro de Futebol, certo? Bem, há controvérsias. O Nacional pode ter ficado pelo caminho, mas o goleiro amazonense Naylson chegou lá. Ele foi um dos destaques do River, do Piauí, no vice-campeonato da Série D em 2015. Valorizado, o arqueiro agora tem proposta até de clube da primeira divisão (Chapecoense) e critica o futebol amazonense por não valorizar os atletas de casa.
Naylson virou ídolo do River durante campanha na Série D. Foto: Divulgação/Facebook River-PI
Com exceção de passagens por Remo e Fortaleza, Naylson jogou em praticamente toda a carreira no Amazonas. Ele conhece bem a realidade do futebol local. "A gente trabalha três ou quatro meses e fica desempregado no resto do ano. Tenho vários amigos aí que servem de exemplo. É doloroso, principalmente quando se tem filho ou mesmo paga a prestação de um carro, de uma casa", explicou à rádio CBN Amazônia.
Agora longe de casa, Naylson vive o auge da carreira aos 28 anos. Ele foi um dos heróis do acesso do River à Série C, onde o time acabou derrotado na decisão pelo Botafogo-SP. Na semifinal, contra o Ypiranga-RS, o amazonense teve atuação memorável. Nas cobranças de pênaltis, ele defendeu duas batidas e ainda converteu o pênalti que colocou o River na decisão.Curiosamente, Naylson não foi contratado para ser titular. O camisa 1 seria Dalton, com passagem pelo Paysandu. Entretanto, no último jogo da pré-temporada do River, o titular sofreu grave lesão e abriu espaço para Naylson. O amazonense brilhou na Copa do Nordeste e não saiu mais do time comandado por Flávio Araújo.
Em meio ao sucesso, Naylson viveu um drama pessoal neste ano. O seu pai, Nilson Bentes, morreu aos 58 anos em decorrência de problemas renais. Ele era conhecido como 'Ratão', enquanto Naylson acabou 'herdando' o apelido de Rato. "Minha mãe dizia que eu fugia pra jogar bola. Aí sempre meu pai dizia 'lá vai o rato saindo' (risos). Foi uma forma de carinho, sou muito feliz pelo que ele fez por mim. Ele vai me iluminar por toda a minha vida".Valorização
O contrato de Naylson com o River vai até o dia 30 de novembro. Valorizado, ele não deve ficar no Piauí. O jogador afirma ter três propostas da Série C, duas da Série B e até mesmo uma da Série A. Segundo o Portal O Dia, do Piauí, clubes como Chapecoense (Série A), Sampaio Corrêa (Série B) e Fortaleza (Série C) sondaram o jogador. Também há proposta do Amazonas, especificamente do Fast Clube.Amazonense Naylson pode jogar a primeira divisão do futebol brasileiro em 2016. Foto: Divulgação/Facebook River-PI
"Sempre tive portas abertas no Fast. Tenho um carinho enorme por eles, mas sou profissional. Estou dando prioridade pros times de fora, até porque tenho o sonho de jogar num time grande", destacou. O goleiro deve definir seu futuro ainda nesta semana, mas não há pressa. "Ainda preciso ver com a família qual a melhor proposta. Se eu me afobar, posso fazer coisa errada e não me sentir bem no lugar que eu escolher", ponderou.Qual o segredo?
Com propriedade no assunto, Naylson faz um paralelo intrigante entre o futebol do Piauí e do Amazonas. "O River tem uma estrutura de um Fast Clube, só que com bem mais torcida. Aí [no Amazonas] o Governo demora a ajudar, mas ajuda. Aqui no Piauí só vieram ajudar agora, quando as coisas estavam melhorando. Em Manaus também tem uma arena e mini-arenas que não existem no Piauí. Aqui só tem o Albertão, onde foi uma briga pra colocar 40 mil pessoas na final com um gramado péssimo de jogar".
A conclusão gera um questionamento: então por qual motivo o Piauí chegou na terceira divisão e o Amazonas não? Naylson crê que o futebol amazonense só vai atingir este nível quando valorizar os jogadores locais. "O Nacional é um time com boa estrutura, tem condições de pagar salários altos, mas comete os mesmos erros. Sempre cito o exemplo do América de 2010. Acho muito difícil algum clube do Amazonas chegar onde a gente chegou. Ali era um time de amigos e muitos amazonenses estavam ali", opinou.
O goleiro lamenta que os clubes amazonenses priorizem jogadores de outros Estados, especialmente em grandes competições. "Aí o cara vem de fora, joga umas três partidas, pega o dinheiro dele e vai embora. Muitos jogadores bons de Manaus param de jogar por causa disso", lamentou.

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