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Sexta, 19 Abril 2024

Crise: Governo corta alimentação de atletas na Vila Olímpica de Manaus

MANAUS – O cenário de crise no esporte do Amazonas ganhou mais um capítulo. O Governo decidiu cortar a alimentação dos atletas e paratletas que residem na Vila Olímpica de Manaus a partir desta segunda-feira (19). A justificativa é por conta da recessão econômica que assola o Estado. A crise impacta diretamente na preparação dos atletas amazonenses para os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.
Esporte no Amazonas enfrenta cenário de crise. Foto: Érico Xavier/Fapeam

Atletas que moram e treinam em Manaus serão impactados pelo corte. Atendendo a pedidos, o Governo decidiu custear a alimentação de atletas e treinadores que vieram de outros Estados até o fim de novembro.

O secretário de Esporte do Amazonas, Ricardo Marrocos, justificou o corte pela crise financeira. “Não é só o Amazonas que passa por isso. A gente compreende a decisão do governador [José Melo] de priorizar outras áreas, mas ele nunca deixou de atender o esporte. O que ele pediu foi para enxugar os custos de acordo com o nosso orçamento e não tivemos pra onde correr. Tivemos que parar alguns projetos nossos, mas no ano que vem a gente espera que as coisas melhorem”, disse ao Portal Amazônia.Reflexos da crise

Os primeiros impactos da crise no esporte amazonense começaram pela paralisação do Centro de Alto Rendimento da Amazônia (Ctara), mantido pelo Governo. Treinadores de todas as modalidades tiveram seus contratos rescindidos, incluindo nomes como Waldeci Silva, da luta olímpica, que briga por uma vaga nas Olimpíadas de 2016. Atualmente, a equipe técnica trabalha de forma voluntária no local.

Outro baque para os atletas amazonenses foi a longa paralisação do programa Bolsa-Atleta Municipal, da Prefeitura de Manaus. Atletas de alto rendimento ficaram sem patrocínio ao longo de praticamente todo o ano. O benefício retomou em setembro, porém, com critérios mais rígidos e que deixaram até mesmo atletas olímpicos sem patrocínio, como Sandro Viana, representante do atletismo amazonense nas últimas duas Olimpíadas.

Entusiastas do esporte amazonense temem que o corte da alimentação impulsione a desistência de muitos atletas do esporte. “Se a galera já estava desmotivada com a mudança dos critérios da Bolsa, agora vai piorar. Não sei se eles vão desistir, mas com certeza eles vão desacreditar do esporte”, disse um atleta que preferiu não se identificar.

O presidente da Federação Amazonense de Luta Livre Esportiva, Olímpica e Greco-Romana (Falle), Helton Henrique, lamentou a situação às vésperas dos Jogos Olímpicos. “O pior já foi feito. Temos competições nesse final de ano, em janeiro também tem torneio visando as Olimpíadas. Mas não estamos esperando mais nada do Governo. As coisas só têm a piorar”. Helton solicitou que o treinador cubano Dagoberto Arbolaez e o paulista Juan Bittencourt continuem recebendo alimentação até o fim do ano.
Luta olímpica é uma das modalidades que sofrem com o reflexo da crise. Foto: Divulgação/Emanuel Mendes Siqueira

Mesmo sem salário e agora sem alimentação, Helton ainda se dispõe a orientar as jovens promessas da luta olímpica amazonense. “Alguns [treinadores] foram embora. Eu procurei um outro trabalho, mas ainda continuo aqui pela modalidade. A gente utiliza a academia e alguma outra coisa, mas não existe mais Ctara”, sacramentou.A última refeição dos atletas e treinadores na Vila Olímpica aconteceu nesta sexta-feira (16). “E estava muito ruim, por sinal. Todo mundo estava reclamando. Devia ser resto”, disparou Helton Henrique.Futuro incerto

Segundo Ricardo Marrocos, a retomada do Ctara está prevista para 2016. O programa deveria retomar neste ano, mas o Governo não cumpriu com o prazo estipulado. O secretário estima que o poder público conseguiu uma economia de pelo menos 70 mil por mês com os cortes no Ctara.

Outra decisão do Governo para cortar gastos foi a fusão de algumas secretarias. No esporte, a Secretaria de Juventude, Esporte e Lazer (Sejel) assume as atribuições da Fundação Vila Olímpica (FVO) a partir do dia 1º de janeiro de 2016.

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