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Quinta, 25 Abril 2024

Câmara debate trabalho escravo indígena, biopirataria e tráfico na Amazônia



MANAUS
- O comandante do Comando Militar da Amazônia (CMA), general de Exército Theóphilo Gaspar irá participar de reunião extraordinária que acontecerá na próxima quarta-feira (21), às 11h, durante audiência pública, na Câmara dos Deputados, em Brasília. A pauta da reunião gira em torno do tema “o papel do Exército brasileiro na Amazônia, na proteção da unidade nacional, das diversidades e das riquezas. A situação do controle de fronteiras, as ameaças do tráfico de drogas, armas e diversidade, a coordenação com as forças dos países limítrofes”, em atendimento ao Requerimento nº 115/15, do deputado Átila Lins (PSD/AM).
De acordo com o general Theóphilo, as ações na Amazônia e especificamente no Amazonas, necessitam de integração entre civis e militares, principalmente para coibir o avanço do narcotráfico, do descaminho das riquezas minerais e da poluição das águas que já estão fora de controle. “A Marinha e a Força Aérea são parceiros que nós não podemos abandonar nunca. Aliás na Amazônia só se faz tudo integrado. Quem quiser resolver algum problema sozinho na Amazônia não vai conseguir fazer”, alertou.
Segundo o comandante, existem duas guerras para ser combatidas: uma nas áreas de fronteiras e outra em áreas urbanas. “Eu digo que nós estamos vivendo uma grande guerra na fronteira e a guerra urbana. São duas guerras muito importantes, se nós conseguirmos ganhar, vencer ou pelo menos minimizar a perda que nós estamos levando na guerra da fronteira, nós sufocamos a guerra urbana. Porque o armamento para o PCC ou para o Comando Vermelho vem das fronteiras da Venezuela, do Suriname, da Guiana, se barrar lá nas fronteiras, não entra no Brasil”, afirmou.
Ainda segundo o general, as drogas que entram no país, principalmente vindas da Colômbia e do Peru, passam pela tríplice fronteira, inclusive a prática de trabalho escravo indígena vem ocorrendo naquelas grandes áreas. “Todo tráfico de recursos minerais que nós estamos perdendo diuturnamente, agora em Barcelos, onde nós fizemos uma operação de inteligência muito grande, e já constatamos trabalho escravo por lá. O índio já é explorado na colheita da piaçava e outros vendem indiscriminadamente o nióbio para mercadores na tríplice fronteira”, informou.
Enquanto isso, ações integradas estão sendo realizadas. A Marinha, por exemplo, está em cooperação com o CMA, fazendo o mapeamento do leito do rio através dos navios hidroceanográficos, equipados com sonar. A Aeronáutica participa de programas de vigilância das fronteiras. Os programas “Amazônia Protegida” e “Proteger”, são projetos estratégicos do exército que vem sendo trabalhado há vários anos, com a finalidade de melhorar a infraestrutura dos pelotões. “Nós temos a trilogia de combate que é ‘vida, combate e trabalho’, mas, falta no nosso interior do Estado a trilogia logística que é água, energia e comunicações para dar dignidade à população. Porque não se admite hoje a base Anzol que nós instalamos no rio Solimões para combater o tráfico de drogas, junto com a Polícia Federal e Polícia Militar, onde a água que se tira do rio, nem para tomar banho serve, está dando micose na pele, por causa da poluição que entra nos rios, primeiro com o lixo que não é tratado em todo o interior do Estado”, observou Theóphilo.
Entre outros assuntos que causam preocupação mundial, Theóphilo destacou o uso indiscriminado do agente laranja, um poderoso herbicida desfolhante utilizado pelos colombianos para destruir as plantações de coca, mas que poluem de forma letal, as águas do rio Amazonas. “A Colômbia usou há tempos atrás, um produto químico, chamado agente laranja, que foi usado pelos americanos no Vietnã para acabar com as plantações de coca. Esses agentes químicos caíram nas águas dos rios que adentram em toda a calha do Amazonas desde a Cordilheira dos Andes. Nós temos um projeto de pesquisa do professor Sérgio da Universidade Federal do Amazonas (UEA) que visa coletar essa água para analisar o nível de contaminação”, destacou.O general salientou que na Colômbia existem centenas de casos de crianças que estão nascendo com deformidades causadas pelos efeitos nocivos do agente laranja. “Crianças nascem defeituosas -tipo talidomida-por conta da contaminação das águas”, relatou. Ainda sobre a reunião na Câmara dos Deputados, Theóphilo ratifica que também vai abordar o tema sobre a biopirataria que acontece, diuturnamente, no Amazonas e na Amazônia em hotéis de selva que servem de fachada para grandes laboratórios de pesquisas internacionais. “Eu vou a Creden (Comissão de Relações Exteriores de Defesa Nacional), na Câmara dos Deputados, o general Villas Bôas esteve no Senado, na mesma Creden e já falou sobre deficit de soberania. E, sobre esses hotéis de selva, nós temos que ter um cuidado muito grande. Mês passado nós fizemos uma reunião do CMA no hotel de selva chamado Rio Negro Lodge, que fica em Barcelos, no período de 1995 a 2005 serviu de base para pesquisas americanas, comprovadamente. Depois do término das pesquisas, que duram em média 10 anos, eles largaram o hotel com uma dívida enorme”, antecipou ao Jornal do Commercio/CBN Amazônia. De volta a Manaus, o general Theóphilo, cumpre agenda na sexta-feira (23), às 10h, participando de Sessão Especial a ser realizada pela Aleam (Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas) no Comando Militar da Amazônia (CMA) conforme requerimento 3249/15 de autoria do presidente da Aleam, deputado Josué Neto. Com a finalidade de estreitar laços e ter acesso a informações de grande importância para o Estado do Amazonas.

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