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Quinta, 25 Abril 2024

BR-319 continua sem utilização pela ZFM

BR-319 continua sem utilização pela ZFM
A 'novela' sobre a infraestrutura da rodovia BR- 319, que liga as cidades de Manaus (AM) e Porto Velho (RO) segue sem muitas mudanças nos últimos anos. Dos 877 quilômetros de estrada, cerca de 400 quilômetros (km) encontram-se com a pavimentação bastante comprometida, o que impede o tráfego seguro de veículos. A preocupação ambiental tem sido o maior entrave para a recuperação da via.

Atualmente, a rodovia que existe há 40 anos aguarda a conclusão de um estudo de impacto da obra nas comunidades indígenas da região, uma das exigências do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) para que o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit) conclua as obras. A restauração total da BR traria benefícios à cadeia logística da região.

Para o economista e vice-presidente da Federação das Indústrias do Amazonas (Fieam), Nelson Azevedo, a pavimentação da rodovia seria um marco importante para a região no ponto de vista estratégico e de integração nacional e, deveria ser projeto de prioridade em qualquer governo.

“O Amazonas junto com Roraima são os únicos que são completamente isolados do resto do Brasil. Se tivesse funcionando regularmente, por exemplo, as mercadorias embarcadas do Sudeste do país levariam de oito a dez dias para chegar via rodovia, mas com o transporte fluvial chega no mínimo em 30 dias. E quando o rio seca fica difícil a navegação, as balsas só podem trafegar de dia e com capacidade reduzida e até 20%. Isso representa um impacto negativo para nossa economia, uma vez que, traz aumento de tempo e custos da carga”, afirma.

Atualmente nenhuma carga sai ou entra do âmbito industrial no Amazonas pela BR-319, garante Azevedo. “Para atender a demanda do Polo industrial de Manaus (PIM) é preciso ter três estoques: um vindo do fornecedor, outro em trânsito e mais um na fábrica”, explica.

Segundo ele, as consequências negativas não se limitam apenas a indústria e comércio do Amazonas. Para o vice-presidente da Fieam, a abertura da estrada que já funcionou bem no passado e que hoje enfrenta entraves com questões ambientais, traria ganhos também para o turismo local. “Certamente muitas pessoas atravessarão a rodovia para conhecer a nossa região movimentando a economia. Sem contar que daqui, por exemplo, poderiam chegar até o Caribe”, conta. Azevedo ainda destaca o interesse do Exército na BR por ser uma rota estratégica.

Pavimentação tira AM do 'isolamento'

A recuperação total da pavimentação da BR-319, inclusive, já foi defendida pelos representantes da sociedade e de órgãos públicos que participaram do seminário "BR-319, um caminho para o futuro”, promovido pela Comissão de Serviços de Infraestrutura, no mês passado em Manaus. Na ocasião, a senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM), que propôs o debate, defendeu a importância de mobilizar os envolvidos no processo e promover o diálogo para superar os entraves que persistem para a pavimentação do chamado trecho do meio.

“A pavimentação da BR-319 é primordial não só para os oito municípios que estão localizados ao longo da estrada, de aproximadamente 900 quilômetros de extensão, mas também para interligar por via terrestre o Estado do Amazonas ao Estado de Rondônia e, por conseguinte, ao restante do Brasil”, destacou. Em abril, a rodovia recebeu a licença para receber permanentemente obras de manutenção, mantendo-a trafegável.

O Ibama embargou as obras de manutenção em outubro do ano passado sob a alegação de que a intervenção estava causando danos ambientais. O embargo havia sido concedido pela 7ª Vara da Justiça Federal do Amazonas, sendo que no mês seguinte o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) suspendeu a liminar.

A parlamentar acrescentou que o objetivo agora é obter a licença ambiental definitiva do Ibama, para que o trecho do meio seja enfim pavimentado. Ainda segundo a senadora, uma das propostas do seminário é fazer com que os atores envolvidos com a questão também se comprometam em chegar a um consenso sobre as exigências para a conclusão da reconstrução da BR-319.

Integração do Estado

Segundo a titular da Superintendente da Zona Franca de Manaus (Suframa), Rebecca Garcia, durante todos os anos de discussão sobre o tema, foram criadas condições para que a rodovia seja transformada em uma estrada parque. Ela explicou que, isso é fundamental porque pode agregar ainda mais valor aos produtos da ZFM (Zona Franca de Manaus).

“Isso vende os nossos produtos por estarmos em um Estado ambientalmente preservado e sem desmatamento. Também, teremos um ganho significativo para a integração do nosso Estado ao restante do país”, frisou. Para a titular da autarquia, o empresário pode dispor de alternativas para levar seus produtos. “Quando o rio está mais seco, por exemplo, há uma demora maior para escoar o produto pelas hidrovias e podemos conseguir maior celeridade pela rodovia. O Polo Industrial de Manaus merece uma alternativa de transporte”, destacou. Rebecca ressaltou ainda os benefícios que a restauração total da BR-319 pode trazer à cadeia logística da região.

Parlamento Amazônico

Os encaminhamentos dados e resultados da BR-319 serão uma das pautas a serem abordadas na 9ª Reunião do Parlamento Amazônico que acontece no Mato Grosso (MT), nos dias 23, 24 e 25 de novembro. O deputado estadual Sinésio Campos (PT-AM) é o presidente e juntamente com os demais deputados, buscam soluções para problemas vivenciados na Amazônia como alternativas que aliem desenvolvimento sustentável e crescimento econômico. No início do ano, a retomada da obra de recuperação do chamado trecho do meio (entre os quilômetros 250 e 655) da BR-319 (Manaus– Porto Velho) já foi foco do parlamento.

Na ocasião, o parlamentar disse que o desenvolvimento da Amazônia passa pela reconstrução da BR-319. “Não podemos aceitar que a rodovia que já existe, só precisa de reforma, fique parada desse jeito para impedir o crescimento de toda uma região”, declarou. O Parlamento Amazônico é uma entidade que congrega todos os deputados estaduais dos nove Estados da Amazônia, com reuniões mensais, sempre em uma capital amazônica diferente, com o intuito de discutir e buscar soluções para problemas enfrentados pelos amazônidas.

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