Argentinos são 10% das vendas no Amazonas

MANAUS - A comercialização de produtos argentinos no Amazonas representa uma fatia de 10% das vendas efetuadas no comércio local. Frutas, carnes e bebidas compõem a lista de insumos importados do país vizinho. Segundo a Amase (Associação Amazonense de Supermercados), as negociações correspondem a 1% do total do faturamento registrado pelos supermercados locais. Mas, além do ramo alimentício, Manaus também presenta a cultura argentina por meio de trabalhadores que contribuem com o desenvolvimento de setores econômicos locais, como por exemplo, o da gastronomia.A empresária Joemi Brasão é amazonense e casada com um argentino. Ela conta que morou na Argentina durante 5 anos, período em que aprendeu a preparar a tradicional empanada argentina, um salgado recheado bem parecido com o pastel de forno brasileiro. Ao retornar à Manaus ela forneceu o salgado para um primeiro cliente que logo divulgou o seu trabalho para outros clientes.

Como resultado, ela se prepara para inaugurar um lanche no final do próximo mês. O empreendimento receberá como nome La Porteña. “Preparava os salgados conforme recebia encomendas e também para vender nas escolas. A demanda aumentou e comecei a ter problemas no condomínio onde resido por conta do movimento de clientes.

Há uma preocupação por questão de segurança. Esse fator, aparentemente negativo, me impulsionou a dar um novo passo para empreender. Venderemos empanadas diversas e bebidas, com serviço delivery”, anuncia. Joemi conta que o mercado amazonense apresenta demanda crescente pelos produtos argentinos, principalmente por empanadas. Ela expressa a preocupação na manutenção da qualidade dos produtos, mesmo com o consequente aumento dos pedidos. As empanadas podem ser degustadas nos seguintes sabores regionais: pato com jambu no tucupi, pirarucu desfiado com verdura, camarão, espinafre com ricota, frango e queijo com presunto e orégano. Os preços variam entre R$6 e R$8. Quem tiver interesse em degustar a empanada argentina pode entrar em contato com Joemi pelo telefone 98833-2642. Natural de Buenos Aires, o corretor de imóveis Jorge Luis Tribug, 60, optou por residir em Manaus há 30 anos quando casou com uma amazonense. Ele conta que atuou em outros ramos profissionais e hoje trabalha com o segmento imobiliário. Para ele, um dos principais atrativos na capital amazonense é a receptividade apresentada pelo povo manauara. “Manaus é uma terra de oportunidades. Não tenho planos de voltar a morar em Buenos Aires. Sempre retorno à minha cidade, mas em período de férias, para visitar os amigos e a família”, cita.

De acordo com Tribug, somente neste período a culinária argentina alcança maior expressão em Manaus. Ele afirma que a cidade ainda não conta com nenhum restaurante que apresente a culinária estrangeira e que as churrascarias locais apresentam somente cortes de carnes e molhos argentinos. “A culinária argentina está chegando ao Amazonas com cortes de carnes, molhos típicos e a empanada. Nossa culinária tem influência da comida espanhola e da italiana”, disse.

Segundo o vice-presidente da Amase, Alexuel Rodrigues, a lista de produtos argentinos comercializados pelo Amazonas é composta por vinhos, cervejas, carnes e pêssegos. “Esses produtos ainda representam pouco quanto ao nosso faturamento total”, disse.

Comércio de vinho em altaO jornalista e degustador de vinhos, Humberto Amorim, destaca que até comercialização de vinhos estrangeiros em Manaus e que somente nos últimos 5 anos a cidade começou a receber instalações de confrarias, o que segundo ele, consequentemente contribuiu para o aumento na demanda pelos produtos. “No mês de outubro recebemos 70 produtores de vinhos de sete países. Esse grupo apresentou diversos vinhos a mais de 100 pessoas. É um segmento em expansão”, disse. “Em outubro também tivemos a inauguração de mais uma adega localizada na avenida Efigênio Sales”, completou. Entre os vinhos argentinos que recebem maior procura, segundo Amorim, está o Catena. 

Cerveja As cervejas argentinas chegaram a Manaus em 2014 mas somente neste ano começaram a ser mais vistas nas vitrines dos bares. O proprietário do bar Barão Cervejas e Empório, conta que no mercado existem duas cervejas argentinas que são as marcas Quilmes e Patagonia. Os produtos recebem demanda crescente. “São bebidas bem parecidas com as cervejas nacionais, mas por serem importadas chamam a atenção e a curiosidade do cliente que quer experimentar algo diferente. É uma bebida leve”, afirma. O litro da cerveja argentina custa em média entre R$30 e R$35