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Quinta, 18 Abril 2024

Amazonas espera melhorar exportações com fim de barreira argentina



MANAUS -
 A participação da Argentina nas exportações, que até o ano passado chegava a ser de até 25%, percentual que colocava o país vizinho como o maior importador de produtos produzidos no Amazonas poderá retornar aos mesmos níveis. A expectativa partiu após o fim de barreira às importações anunciado na segunda-feira (14) pelo governo argentino,
Apesar do ainda grande volume exportado, que hoje representa 21,26% do total de tudo o que o Estado vende ao exterior, o comércio exterior com a Argentina sofreu neste 2015 uma queda de 32,19% na comparação com o ano passado, segundo informações da Balança Comercial Brasileira, divulgados na semana passada pelo Mdic (Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior).
O impacto negativo nas exportações amazonenses é, segundo especialistas, uma consequência direta das barreiras impostas pelo governo Kirchner. Dados da Balança Comercial mostram ainda o país latino como o segundo principal parceiro  comercial do Estado. Segundo os números, até novembro de 2015, as relações comerciais entre o Amazonas e a Argentina movimentaram o montante de US$ 154,13 milhões, valor que ficou abaixo apenas das negociações com a Venezuela (US$ 189,37 milhões).
Alvo de constantes críticas de industriais brasileiros que perderam mercado na Argentina, as Djai (Declaração Jurada de Autorização à Importação), um procedimento burocrático para se vender no país, vão deixar de vigorar em 31 de dezembro e não haverá prorrogação. A informação foi dada pelo novo ministro da Produção argentino, Francisco Cabrera, a uma plateia de empresários argentinos, reunidos pela UIA (União Industrial Argentina).
Na ocasião, ele adiantou também que o governo argentino vai implantar, até o fim do mês, um sistema de monitoramento das importações, que pretende liberar automaticamente a maior parte das compras do país no exterior. “Esta era uma exigência imposta pela presidente anterior. Se o atual presidente derrubou, de certa forma, elimina uma burocracia, o que, de certa forma, poderá favorecer as negociações com os países importadores e exportadores, como nós”, avalia Marcelo Lima, gerente executivo do CIN-AM (Centro Internacional de Negócios do Amazonas) da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas).
Segundo o ministro, dos cerca de 19 mil itens da pauta de importação argentina, 18 mil poderiam ter licenças automáticas de entrada, pois "têm a ver com a produção e o emprego e não foram paralisadas por questões comerciais e sim por falta de divisas. Isso não deveria ocorrer".
Entre os principais produtos de exportação do Amazonas para a Argentina e que serão imediatamente beneficiados com o fim da barreira comercial estão motocicletas, material elétrico, barbeadores e lâminas de barbear, produtos de higiene e limpeza, isqueiros e concentrados para a elaboração de bebidas.
Sobre as Djai
Criadas em 2012, as Djai funcionam como uma barreira à entrada de importados no país. Para entregar uma mercadoria na Argentina, o exportador tem que solicitar essa autorização ao governo e não há prazo para se obter a resposta, seja ela positiva ou negativa.
O disparador dessa medida foi a escassez de dólares durante o segundo mandato da presidente Cristina Kirchner (2007-2015). Sem disponibilidade de moeda estrangeira, o governo passou a limitar as compras e despesas no exterior.
Mas as declarações acabaram funcionando também como um escudo para a indústria local contra a concorrência de importados. O protecionismo de Cristina e seu discurso nacionalista tinham a simpatia de boa parte do empresariado, que agora teme perder nacos do mercado doméstico para importados.
Cabrera demonstrou conhecer o racha no setor industrial. "Alguns aplaudem, outros ficam preocupados", constatou ele, ao microfone. "Todos devem aplaudir. Não vamos prejudicar ninguém, seremos cuidadosos e vamos cuidar do emprego argentino".
Governo terá que lidar com herança
Até a retirada da barreira burocrática, porém, o novo governo terá que lidar com a herança kirchnerista no comércio exterior. O presidente da Fiat Argentina, Cristiano Rattazzi, revelou que a fábrica de automóveis de Córdoba -que fabrica entre 500 e 600 veículos por dia -interrompeu a produção nesta segunda, por falta de peças.
Os equipamentos viriam do Brasil e estão parados na fronteira à espera das autorizações do governo. "Os funcionários se foram, levaram formulários, informações que estavam nos computadores, tudo", disse. A Toyota passa por problema semelhante, revelou uma fonte ligada à empresa, mas ainda não parou a produção na Argentina. O efeito prático deste problema, segundo Rattazzi, é o desabastecimento do mercado doméstico, que sofre com a alta dos preços dos automóveis. "Não queremos oferecer automóveis [no mercado doméstico] porque não podemos pagar [as importações]. E isso automaticamente aumenta os preços", afirmou.
Rattazzi integra a parte dos empresários argentinos que apoiam a reabertura da economia argentina ao mundo, após o isolamento dos anos kirchneristas. "Não podemos ter uma indústria limitada apenas ao mercado interno, precisamos olhar as exportações, como fazem os países que têm desempenho mais positivo", disse. "Os países que estão fechados terminam como a Venezuela e eu gostaria que Argentina fosse mais aberta às trocas com o mundo".
O executivo diz esperar ainda que o novo governo retire os impostos que incidem sobre as exportações industriais. No setor automotivo, elas representam 5% do valor do automóvel. "Já que haverá a eliminação dos impostos sobre os produtos agrícolas, me parece óbvio que retirem também os impostos sobre a exportação de automóveis. É um disparate, que não existe em nenhum outro lado do mundo", afirmou.
Fim da barreira era almejada no AM
Em matéria publicada pelo Jornal do Commercio no último dia 29 de novembro, Marcelo Lima atribuiu justamente às barreiras impostas por Cristina Kirchner às importações a queda no comércio entre os dois países, mas também adiantou que as mesmas seriam derrubadas pelo novo governo. “Existem algumas dificuldades políticas e algumas barreiras criadas na atual gestão do país vizinho, que já está com os dias contados”, previu o gerente do CIN, após a vitória de Mauricio Macri nas eleições presidenciais argentinas.

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